CORAGEM!

O Estúdio Extraordinário apresenta a Exposição Coletiva  de Monóculos “CORAGEM!” 

Confira como foi a Abertura da Exposição Coletiva " CORAGEM!" com curadoria de Katia Salvany e Raquel Fayad e texto crítico por Carluz na 4ª Edição Extraordinária OCUPABAR!


.O Estúdio Extraordinário apresenta, a partir do dia 4 de agosto, a exposição coletiva “CORAGEM!”, uma série de monóculos instalados nas grades do E.E. que contemplam o projeto “Fronteiras”.

Com curadoria de Katia Salvany e Raquel Fayad, a exposição dispõe de conexões afetivas e sensoriais que retratam o sentimento de coragem, seja relacionado à fé, ao amor, ao luto ou a qualquer sentimento que pertença ao seu íntimo. Os fragmentos fotográficos envoltos da simplicidade, tridimensionalidade e memória dos monóculos, serão a base da exposição. O texto crítico é de Carluz.



A abertura da exposição ocorreu  das 11h às 17h, com diversas atividades artísticas abertas ao público incluindo experiências de interação com arte, como a 4ª Edição Extraordinária do OCUPA BAR, além de gastronomia, música e atividades sensoriais de meditação ativa. 



CORAGEM: DO SAGRADO ÍNTIMO AO COLETIVO. 


A Exposição Coletiva de Monóculos “CORAGEM!”, dispõe de 80 monóculos instalados nas grades do Estúdio Extraordinário, localizado em Itu/SP, contemplando o projeto “Fronteiras”. Nesta Exposição, vemos uma série de monóculos que carregam a particularidade de trinta e nove artistas debruçados à coragem e trazendo fragmentos fotográficos que envolvem o espectador numa jornada de curiosidade e decisão. Olhar ou não olhar? Basta coragem!


   Os monóculos são objetos cônicos que possuem uma lente direcionada à uma fotografia depositada em seu interior, instigando um olhar focalizado à imagem. O objeto simples popularizou-se  entre as décadas de 60 à 80 em praças, quermesses e festividades Brasil afora. Uma espécie de souvenir da época que carregava um pedaço do tempo, servindo de recordação.


   Tal recordação, que, cria uma espécie de imantação sensorial diversificada ou espécie uma de crônica visual, mesclando passado e presente, e gerando uma potencial narrativa do que prever no futuro. 


   Trago esse pensamento pois em conversas descontraídas com as curadoras desta exposição (Katia Salvany e Raquel Fayad), trazíamos questionamentos do que é coragem, qual a definição desse sentimento? Segundo o dicionário co.ra.gem é a “atitude firme e perseverante no enfrentamento  de situações emocionalmente difíceis”. Não por acaso, a ideia desta Exposição surge com o contato de Raquel Fayad com os monóculos de Hugo Curti, relíquias do artista e seu antigo companheiro falecido em 2021.


   Ter coragem nada mais é do que estar disposto à percorremos por sentidos que transitam entre paixão, medo, latência, estímulo, luto e demais perspectivas que nos deixam frente à frente de um espelho de decisões.


   Do latim coraticum, a ação do coração se torna a ousadia de enfrentar os desafios sociais, políticos e econômicos; desafios da vida. Guimarães Rosa em sua memorável publicação “Grande Sertão: Veredas” diz que


“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e ‘inda’ mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito ― por coragem. Será?” (ROSA, p. 293)


   Encaro aqui as fotografias instaladas nos monóculos desta mostra bem como toda imagem que é “a um só tempo revelador de informações e detonador de emoções”. Dentre a seleção curatorial, as imagens escolhidas expressam cores, vibrações, corpos, vontades e desejos, detonando emoções que nos impedem de vivenciar a coragem.


   Ter coragem envolve o suspense da vida num clímax sensorial sintetizado pela curiosidade  de olhar para um espaço ainda desconhecido!  Olhe, permita-se a enfrentar a coragem, enfrente seu "eu" a partir do "outro". Parafraseando Clarice Lispector “Viver não é coragem, saber o que se vive é coragem [...] a coragem de ser o outro que se é”.


   Sejam corpos, expressões, natureza ancestral, manifestos, o olhar puro de uma criança, o aprisionamento, a saúde mental e diversos outros aspectos imagéticos  que observa-se nos fragmentos fotográficos expostos pelos artistas, temos a certeza de que todas razões de coragem são válidas, pois são vividas em consciência.

  

   Validadas pelos corajosos artistas, passeamos entre as grades do Estúdio Extraordinário encarando misteriosas caixas que guardam a coragem de cada um. Afrontamos o medo e seguimos em frente mas ainda com aquela pergunta: Olhar ou não olhar? Basta coragem!


Texto Crítico de:

Carluz.

Historiador e Assistente de Direção do Estúdio Extraordinário.


*As referências bibliográficas podem ser solicitadas na aba interativa "FALE CONOSCO".


A exposição esteve em cartaz até o dia 03 de Outubro de 2024.


Curadoria: Katia Salvany e Raquel Fayad

Texto Crítico: Carluz

Arte e Design Gráfico: Sara Zizuino

Produção e Montagem: Equipe EE 

Cobertura e Fotografia: Caio Barcella e Camila Bittencourt

Instagram
Facebook
YouTube