Cláudia Madella
Bióloga, doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal do Ceará e presidente do Instituto Arte & Ciência, vem ganhando destaque nos últimos anos também como ilustradora científica e fotógrafa de natureza. Com uma trajetória marcada pela participação em projetos de artes visuais, seu trabalho une ciência e arte de forma única. Seu principal objetivo é sensibilizar e despertar o interesse do público pela biodiversidade, com foco especial no Brasil e na Região Neotropical — riquezas naturais ameaçadas e que ainda são pouco conhecidas.
Saiba mais acessando seu instagram: @CRMadellaAuricchio
Sobre as obras
Bugios: O grito da floresta
Os bugios são os verdadeiros arautos das florestas tropicais das Américas do Sul e Central. Seu nome científico Alouatta significa “gritador”, pois seu canto potente, capaz de ecoar por quilômetros, não é apenas uma marca de comunicação entre os grupos, mas parece também um apelo da própria natureza — um grito que ressoa pelas copas das árvores pedindo proteção e equilíbrio. Com suas longas caudas preênseis e dieta à base de folhas, flores e frutos, os bugios desempenham um papel essencial na regeneração das florestas, espalhando sementes e mantendo o ciclo vital desses ecossistemas. Porém, a cada árvore derrubada e a cada floresta fragmentada, o grito dos bugios vai se silenciando, levando consigo o equilíbrio delicado da biodiversidade.
Esses animais tranquilos, de pelagem que varia entre o preto e o marrom avermelhado, vivem em grupos sociais nas alturas das florestas, mas estão cada vez mais vulneráveis à destruição de seus habitats e à caça. O desaparecimento dos bugios não representa apenas a perda de uma espécie, mas um alerta para a fragilidade das florestas tropicais e o impacto em toda a biodiversidade que delas depende.
Assim como os bugios usam suas vozes para defender seu território e fortalecer sua conexão, cabe a nós ecoar esse grito em prol da conservação. Precisamos ser a voz que amplifica o chamado para proteger suas florestas, seus lares, e garantir que seu canto continue a ecoar por gerações.
Proteger os bugios não é apenas um ato de preservação, mas um símbolo de um grito maior pela vida, pela biodiversidade e pelo futuro do nosso planeta. Que sua ressonância inspire ações e desperte o desejo de proteger não só esses primatas, mas toda a rica tapeçaria de vida das florestas tropicais.